Depois da Semana da Moda, o que mais vemos são os Top 10, não muito difíceis de serem feitos e bastante lisonjeiros, não-comprometedores. O que eu sinto falta é de um olhar crítico e incisivo sobre os pontos baixos dos desfiles, sobre aquilo que sempre está dissimulado nas fofocas que percorrem a platéia. Um bom exemplo é a Colcci, que chama tanto a atenção por conta da presença da top das tops. Mas a verdade é que ou a Senhorita Bündchen optou pela filantropia ou recebeu um cachê mais do que homérico – como alguém que desfila para as melhores marcas na Semana da Moda de Paris, faz as campanhas mais bacanas para Dolce & Gabanna, Dior e Versace, pode desfilar aqueles modelitos chochos?
Carlota Joakina: As meninas da marca jovem da Glória Coelho parecem ainda não conseguir distinguir a moda de rua da haute couture. Os looks de inverno – friso: inverno – eram leves extrapolações de maiôs e chinelos. Por mais que vivamos num país tropical, duvido que alguém vá usar óculos de sol e shorts de cintura alta nesta estação. O contraste deste visual dos trópicos se deu com os casacos pensados para o inverno europeu, além da meia-calça por debaixo dos maiôs – que, particularmente, me lembrou as mães americanas dos anos 80 com os seus uniformes de aeróbica.
Isso sem falar das estampas bejeweled de gosto duvidoso e da opção wannabe-alternative por cores primárias. Se a intenção era escolher uma cartela limitada, poderiam ter seguido o exemplo da Osklen, com suas variações interessantes sobre o mesmo cinza-amarronzado. Isso sem falar das tachas, calças de péssimo caimento e luvas de boxe que destoavam completamente da linha da coleção. Entre os 33 modelos, podemos perceber pouca evolução no que se refere à coleção anterior da Carlota, além das diferentes influências que não dialogavam – reflexo das seis mãos operantes?

E olha que isso é só o começo!...
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