07 fevereiro, 2012

Karl com os pés no chão

Uma coleção inteira em variações de preto e branco é para poucos – e bons. A marca KARL, de Karl Lagerfeld, acaba de lançar “clássicos cobiçados”, com coletes e blazers metalizados e golas ornamentadas. Da sacola com amarração no punho à regatinha básica, várias peças têm impressas a silhueta do estilista, mas não é apenas isso que as faz reconhecíveis: cada uma parece receber um toque da sua atitude elegante e capacidade de inovação.

O que mais me agrada é o fato de terem sido produzidos apenas itens que podem ser usados fora das passarelas – sem o exagero que normalmente se espera de uma marca de renome – e, o melhor, com modelos e preços razoavelmente acessíveis para você que não é subnutrida apesar de viver em um país no qual o salário mínimo ultrapassa os quinhentão por uns quebradinhos.


Idéia arejada e que não costuma circular na terra da malandragem – a de que haute-couture não precisa ser afetada. E, em tempos de Bienal, vale compartilhar uma daquelas sinapses que frequentemente retornam ao meu cérebro: tanta saliva gasta acerca da fantasiosa Valorização da Moda Brasileira e tão pouco combustível queimado em respeito ao consumidor verde-amarelo (este sim tangível). Paradoxalmente, o que se fortalece com tanto discurso é o culto ao dondoquismo, à moda feita por e para as capas de revista e para os desesperados por flash da primeira fila, à moda inacessível a quem poderia fazê-la viva e circulante. Mais uma daquelas segregações tão nossas...

Aprendamos com KARL:

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